segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Fernandicencias...



"...não falta vontade, não falta coragem, e o que preciso tenho ao alcance: papel, caneta, telefone, internet e overdose de saudade. O mesmo frio na barriga, a mesma vontade de ouvir a sua voz, a ansiedade na espera é a mesma. A insanidade naturalmente motivada por você. O cuidado de guardar em segredo enquanto ainda é só um plano. Os sorrisos criando vida nas loucuras que planejamos. Só uma coisa mudou: ontem eu tinha certeza, agora penso se seria mesmo verdade. E eu tenho mania de querer pagar pra ver. Teimosia absurda essa minha..."

Da cabeça de Yasser Arafat para o pescoço do mundo...



O lenço, geralmente feito de algodão, começou a ser usado há séculos pelos beduínos, povo nômade dos desertos do Oriente Médio e Norte da África, como peça de identificação tribal. Ele protegia o rosto das tempestades de areia e da exposição solar. Com o tempo, chegou às cidades e, hoje, é um tradicional adereço dos homens árabes de regiões como Kuwait, Jordânia e Cisjordânia. Nos anos 60, virou símbolo do nacionalismo palestino por causa de Yasser Arafat, raramente visto sem o seu preto e branco, preso à cabeça com um pedaço de corda.

A primeira vez que vi usarem o keffieh, fiquei impressionada pelo tamanho da falta de respeito. Ao que tudo indica os dias do original keffieh, infelizmente parecem estar contados. O jornal francês Le Monde no início deste ano, foi buscar informações sobre a fabricação do “hit da moda” e entrevistou o palestino Yasser Hirbawi, de 78 anos, que é o dono da única tecelagem que ainda fabrica os lenços dentro dos territórios ocupados. Isso, porque todas as demais máquinas palestinas deixaram de produzi-los há cinco anos por um simples motivo: falta de pedidos. É parece brincadeira, mas como o próprio Hirbawi disse na entrevista: "A concorrência dos produtos têxteis chineses derrubou o meu negócio". É um claro exemplo de como um mercado globalizado entra em choque e pode destruir tradições e costumes. A fábrica da família de Hirbawi, que chegou a costurar cerca de 150 mil lenços por ano, hoje não produz mais que 15 mil unidades a cada 12 meses. Por motivos econômicos (China como superpotência e Palestina com sua economia louca), os keffiehs palestinos se tornaram cada vez mais caros em relação à concorrência, e desde 2000, o negócio começou a desandar. Parece até mentira, mas olha a que ponto chegou: segundo conta Izzat, filho de Hirbawi, "até mesmo os cachecóis com o rosto de Arafat, que traziam a inscrição 'Jerusalém é Nossa', distribuídos pelo Fatah em seu aniversário no começo do ano, vieram da China".

O tal do Keffieh virou feeeeebre no Brasil e ao que me parece, ao mundo todo. O que acho bizarro é a falta de personalidade das pessoas. Ando na rua, ou saio a noite e quando me vejo estou lá, cercada daqueles lenços por todos os lados, no frio ou no calor...socorro!!!!!! Chjega de Keffieh!!!


Menos é Mais...




Estava eu, conversando com uma amigo hoje, e pela trigésima vez, o cara viaja que eu trabalho com moda e tal, só porque sou designer. Mas o mais irritante é quando alguém pergunta qual minha profissão e vem aquele "bah que legal tu trabalha com moda". Putz!!! Ninguém sabe o que é DEsign, e o leque de opções em que nós, designers, podemos trabalhar. Portanto, deixarei aqui uma breve introdução ao que é Design...
Um mundo de abundância é um mundo de escolhas. Quando praticamente tudo é possível, o que faz a diferença não é mais o volume, mas o critério. É isso que os designers modernistas queriam dizer quando proclamavam que “ less is more”: menos só significa mais quando os elementos escolhidos têm valor. Caso contrário, menos só quer dizer pobre.
O design contextualiza, explica e familiariza. Cabe ao designer ser o tradutor e intérprete dos novos tempos. Só que não adianta mais fazer algo bonito. Novos tempos demandam novos adjetivos.
O melhor exemplo desse uso de critério está no que nos acostumamos a chamar de minimalismo. Termos da moda à parte, ele propõe a redução do design aos componentes mais relevantes. No caos urbano, ele representa um abençoado silêncio. Essa simplicidade está muito longe de ser simplória. É preciso prestar muita atenção no detalhe. E fazer mais com menos.
O design pode ser fluido quando a superfície e a estrutura se fundem, a ponto de ficar difícil identificá-los. Apesar de novo em ambientes tecnológicos é bastante comum em formas orgânicas. Cabe ao designer harmonizar o ambiente com a experiência dos usuários, para que suas fronteiras não sejam perceptíveis.

Em um mundo hiperconectado, o valor do local não é mais o exótico, mas a forma de pensar. Tradição e essência se misturam em uma sopa geográfica, e cada região contribui como pode. O local pode ser físico, histórico ou cultural. Se for uma mistura dos três, tanto melhor.

Por último, como não poderia faltar, há o design incrível, que brinca com os sonhos e emoções em uma mistura que beira o imaginário. É ele que nos mostra a visão de um futuro possível, que não tem medo de delirar. Mesmo que se torne datado ou até mesmo ridículo com o tempo, não custa lembrar que todas as cartas de amor são ridículas.

Espero que este post sirva de inspiração para a próxima vez que você se sentir sem idéias. Elas existem às pencas por aí. O que é difícil é arranjar critério. Não se angustie por não poder pegar tudo, não dá para comer todos os pratos do cardápio. Da mesma forma, um design que use cores ou letras demais costuma provocar uma bela indigestão visual.